quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Qual a importância do custo padrão nas empresas?

A função principal do custo padrão é fornecer informações para o controle de custos da empresa e avaliar como eles se comportam. Suas variações em relação ao custo real, em quantidades e valores, devem ser avaliadas periodicamente. Auxilia também na elaboração de orçamentos, formação do preço de venda e agiliza na tomada de decisões para comercialização.
Os custos padrão são de importância vital para a contabilidade de gestão pois permitem identificar os sectores de ineficiência dentro da empresa
O custo padrão permite à empresa determinar:
§ Indicadores de tempo, através do "tempo padrão" e, custos através do "custo padrão" para medir, aperfeiçoar e monitorar o fluxo dos processos, da matéria e da informação necessária para uma produção organizada e enxuta;
§ Indicadores de tempo e custo para medir e monitorar o processo e a eficiência do sistema de gestão da qualidade e do processo;
§ Como devem ser racionalizadas as reações da empresa para aumentar o seu lucro, sem aumentar o preço do seu produto;
§ Quais produtos são realmente lucrativos e quais aqueles que causam prejuízos.
CUSTOS E PRODUTIVIDADE
Será a Fixação dos custos padrão um fim?
Por Carlos José Pedrosa/extraído e adaptado por Jorge Mondlane
A contabilidade, tradicionalmente e por sua própria natureza, regista factos históricos que são reportados numa determinada data ou numa determinada época. Para determinar o dispêndio com a produção e medir-lhe a eficiência (ou ineficiência), aplica-se a contabilidade de custos.
Entretanto, o custo histórico é uma medida ineficiente, visto que só apura quando terminada a produção. Com isto, podemos dizer que o custo histórico incorpora (e esconde) todos os fenómenos ocorridos na produção. Serve apenas para dar uma ideia de quanto custou determinado produto, geralmente por um custo médio. E quando se calcula a média de alguma coisa, também incluímos a média dos erros, dos desperdícios e das ineficiências.
Nada disso torna inválidos os custos históricos. É preciso, porém, associá-los a alguma medida comparativa que evidencie de que forma está sendo conduzido o processo de fabricação. A medida comparativa por excelência é o custo padrão. Registrando e comparando os dois, poderemos chegar a uma análise que evidencie as variações ocorridas – positivas ou negativas.
O custo padrão é uma avaliação de quanto um determinado produto deverá custar, mantidas as condições vigentes. Mas, para que seja eficiente em sua função, o custo padrão deverá ser associado ao orçamento da empresa quanto ao volume e valor da produção planeada. Dessa análise poderemos extrair subsídios para melhorar a gestão dos custos de produção, e, com isso, melhorar a rentabilidade dos investimentos.
Essas considerações passam pela produtividade. Aqui podemos considerar a produtividade como sendo o resultado do aproveitamento óptimo dos recursos humanos, materiais e técnicos. Ou seja, mão-de-obra, materiais e equipamentos. A produtividade fornece a medida da utilização dos recursos disponíveis.
Pode-se dizer que é um meio de melhorar o nível da economia de um país. Aumentando nossa capacidade de produzir, utilizando os mesmos recursos, melhorando métodos e processos de trabalho e reduzindo o custos de produção, chegaremos ao barateamento do preço de venda, aumento da produção, melhores salários, melhor poder aquisitivo, e, por consequência, ao fortalecimento da economia.
O custo padrão é um método adequado e eficiente, não apenas para controlar, mas também para informar sobre diversos aspectos da produção, como a utilização de matérias-primas e refugos produzidos; emprego da mão-de-obra; qualidade do produto; adequação do fluxo do processo; utilização das instalações e equipamentos; tempo ocioso de mão-de-obra e equipamentos, etc.
Mas, será necessário estabelecer os padrões baseados em critérios que sejam adequados. Ou seja, em critérios técnicos, nunca em critérios subjectivos. Assim, deverá estar baseado no estudo do projecto, dos métodos e dos processos de produção. Será melhor se esse estudo começar a ser feito simultaneamente com o projecto do produto. Serão estabelecidos os padrões para materiais, mão-de-obra, tempo de operação e gastos gerais de fabricação (ou despesas indirectas de fabricação).
O padrão de materiais é uma consequência da quantidade padrão e do preço padrão. O padrão de quantidade é estabelecido com base nas especificações do projecto do produto, e, se necessário, por análises químicas e mecânicas, e testados através de produção piloto.
Já o preço padrão depende muito das condições do mercado, sendo influenciado por greves, maior ou menor disponibilidade, estabilidade da moeda e outros factores económicos. Leva-se em conta eventuais oportunidades envolvendo as quantidades económicas, métodos e frequência de entrega e condições mais ou menos vantajosas oferecidas pelos fornecedores.
O padrão de mão-de-obra é resultante do salário padrão e do tempo de operação (ou tempo padrão). Sofre a influência do método de operação mais ou menos adequado (o que é determinado pela área técnica). Deve incluir estudos sobre os equipamentos utilizados na produção; controle sobre a quantidade e qualidade dos materiais usados e tempo a ser aplicado em cada operação. A área técnica contribui com essas informações, que servirão de base para o estabelecimento do padrão de mão-de-obra.
O tempo padrão depende do grau de eficiência da mão-de-obra. Pode ser influenciado pelo arranjo físico da fábrica, pela entrega dos materiais nos locais necessários e no tempo determinado, por um eficiente sistema de programação da produção, pela padronização das operações, pela frequência das paradas, pelo treinamento da mão-de-obra e outros factores. Um bom estudo de tempos e movimentos e o balanceamento da linha de produção (ou de montagem) poderão auxiliar na determinação do tempo padrão.
O salário padrão é muito influenciado pela conjuntura económica, pelos acordos salariais, pela forma de remuneração da mão-de-obra (horista, diarista, mensalista, tarefa, etc.), pela tecnologia utilizada, pela automação, pelos direitos trabalhistas, etc. A remuneração por tarefa possibilita maior eficiência da mão-de-obra, consequência de maior estabilidade de custo em relação a cada tarefa. O operário sente-se estimulado a trabalhar mais, produzindo mais, a um custo estável. Isso geralmente não ocorre nos casos de remuneração horária, diária, mensal, etc.
Os gastos gerais de fabricação (custos indirectos) têm um comportamento em tudo diferente dos materiais e da mão-de-obra. Para estes últimos há uma certa facilidade em se calcular um padrão. Porém, para os custos indirectos, como consequência da variedade qualitativa e da alternância do consumo, torna-se necessário adoptar critérios rigorosos para sua correcta apropriação aos custos de produção.
A contabilidade de custos utiliza as taxas de absorção, de acordo com a actividade e o volume que se deseja atingir. Para isso considera-se o total dos gastos gerais de fabricação e uma base de volume adequada ao caso, que poderá ser a produção planeada, o valor das matérias-primas, valor da mão-de-obra directa, valor do custo primário (materiais + mão-de-obra), horas previstas de mão-de-obra directa, horas máquina, etc. A base de volume depende muito do produto e do processo de fabricação e para sua determinação deve-se aplicar o bom senso.
A fixação dos custos padrão não é o fim: é apenas o início de todo um sistema. As variações ocorridas serão objecto de uma análise profunda, se realmente quisermos controlar melhor a actividade. Essas variações deverão ser relatadas, explicando se houve desperdício de material ou deficiência de mão-de-obra e dos meios de produção, falhas na programação da produção ou na aquisição de materiais, ou erros na determinação dos custos histórico e padrão, etc.
Os relatórios poderão ser emitidos no nível de detalhe necessário, como por tipo de produto, por operação, por departamento de produção, por turno, por divisão, etc. A análise das variações poderão esclarecer as ineficiências, que podem estar relacionadas com o desempenho dos centros de custo. Assim, veremos as variações no custo padrão e suas causas mais comuns.
As variações de materiais podem ser de preço e de quantidade. A área de materiais geralmente é responsável pelas variações de preço, enquanto as variações de quantidade são da fabricação. As variações de quantidade são apuradas multiplicando-se a diferença entre quantidades real e padrão pelo preço padrão. As causas poderão ser a qualidade inferior, utilização deficiente ou mesmo alteração no funcionamento dos equipamentos.
As compras podem ter sido feitas em desacordo com as especificações de qualidade; ou os materiais podem ter sido mal utilizados, ocasionando desperdícios; ou alterações nos métodos de fabricação ou nos produtos podem ter provocado as variações detectadas.
As variações de mão-de-obra poderão ser de salário ou de eficiência. As variações de salário resultam da multiplicação da diferença entre salário real e padrão pelo tempo padrão. Essas variações podem ser consequência de alterações nos níveis salariais, emprego de mão-de-obra mais cara (em operações onde estava prevista mão-de-obra mais barata) ou uma produção emergente, impondo custos mais elevados de mão-de-obra.
As variações de eficiência são o resultado da multiplicação da diferença entre tempo real e padrão pelo salário padrão. Suas causas podem ser a selecção, treinamento ou transferência de operários ou a própria variação da quantidade de materiais. No caso de produção inicial, geralmente consome-se mais tempo. As operações repetitivas e o tempo farão que a mão-de-obra adquira maior destreza, assim como melhores métodos poderão ser adoptados.
As ineficiências também poderão indicar operários não qualificados, sugerindo correcções. Materiais fora das especificações também poderão acarretar variações de quantidade.
Os gastos gerais de fabricação, (GGF), também apresentam variações, que podem ser de eficiência, de volume e de orçamento. A variação de eficiência dos GGF representa a variação de eficiência de mão-de-obra directa aplicada à absorção dos custos indirectos. É calculada pela multiplicação da diferença entre os tempos real e padrão pela taxa de absorção. As causas são as mesmas que afectaram a eficiência da mão-de-obra.
A variação de volume é representada pela multiplicação da diferença entre os tempos real e orçado pela taxa de absorção. Suas causas podem ser falta de pedidos de clientes, falta de material, problemas de mão-de-obra ou com equipamentos. A variação de orçamento é a diferença entre os GGF reais e orçadas.
Os custos padrão, para que sejam realmente efectivos, necessitam ser contabilizados. Existem vários métodos de contabilização. Em geral, cada empresa adopta o seu método particular, de modo a informar aquilo que é necessário para sua gestão. Porém, tudo isso significa fazer os lançamentos, a débito e a crédito, de uma ou mais contas, dos custos padrão e dos custos históricos.
Os saldos de ambas as contas serão comparados, evidenciando as variações. As contas de produtos em elaboração podem ser debitadas pelo custo real e creditadas, transferindo-se para o stock de produtos acabados, pelo custo padrão. As diferenças são transferidas para a conta de variações de custo.
O encerramento destas se processará nas contas de resultados. Este é o sentido da contabilização: registrar e destacar os custos tal como ocorrem, ressaltando as diferenças e permitindo analisar as causas dessas variações. Fica aqui um instrumento eficaz para a gestão dos custos e aperfeiçoamento da produtividade e da lucratividade. Caberá à administração tomar a iniciativa. Em matéria de contabilidade de custos, já tem muito pano para as mangas.
RESUMO:Podemos dizer que o custo histórico incorpora (e esconde) todos os fenómenos ocorridos na produção. Serve apenas para dar uma ideia de quanto custou determinado produto, geralmente por um custo médio. É preciso, porém, associá-lo a alguma medida comparativa que evidencie de que forma está sendo conduzido o processo de fabricação. A medida comparativa por excelência é o custo padrão.

2 comentários:

Familia Rodrigues disse...

Muito boa explicação. Ajudou no meu trabalho. obrigado

Taíse Miranda disse...

Você pode mim dizer quem criou o custo padrão, ou quem desenvolveu? Obrigada.